CHUVA NO PASTO - POEMA

(vida cavalo-homem) Assustados,
Olhamos para o lado e vimos a chuva chegando.
Veio sem vento, andando, e, forte,
As gotas caíram pesadas em nossos corpos,
Refrescou nossas cabeças e ensopou nossos pés, mas passou.

Molhados.
Não posso dizer por ela,
Em silêncio,
Comecei a sentir meu corpo esfriando,
O dela liberando calor.

Ela me olhou, olhos meigos, e, me cheirou,
Senti o calor de sua respiração em minha pele molhada,
Chegamos ao alto da montanha, secos.
Céu coberto de nuvens,
Uma claridade sobre e um mormaço sob elas.

Assustados,
Sentimos o vento aumentar.
Uma chuva fina nos alcançou,
Trouxe amargo ao coração,
Falta de controle da vida.

Ela levantou a cabeça, rápida, firme e alto,
E olhou a distância indo embora,
O horizonte diminuir,
Senti medo em seus olhos que confiavam nos cheiros.
Eu não guiava nossos passos, passei a observador, em sua companhia,
Percebi que ela contava de alguma forma, comigo.

O vento aumentou.
Minha percepção deu lugar ao medo.
No horizonte formava-se um muro alto que parecia vivo,
Traziam folhas, galhos, finos e grossos, poeira e aflições,
Vieram rápidos e os olhos se fecharam.

Meu mundo escureceu,
Não pude sentir por ela,
Continuamos em silêncio,
Procurei me guiar pelo seu corpo quente,
De repente, ela parou.

Nossos olhos se fecharam e,
Passaram por nós,
Bateram em nós,
Ensurdeceu a nós,
Um turbilhão coisas,
Pareciam mãos, punhos firmes e dedos finos, penetrantes.

Feriram nossas peles,
Sangraram nossas superfícies,
Tentaram entrar em nossas respirações.
Tocamo-nos forte e ficamos estáticos,
Como os únicos seres do universo.

Minha tristeza foi o meu agito,
Dos pensamentos que não me abandonaram,
De toda água que julguei imprópria,
De todo verde que não vi sentido,
De toda natureza que passou, e, passa, e, passa...

Chove mais...
O vento diminui...
A chuva incomoda menos que o pensamento...
Abrimos os olhos e de longe vimos.. .
Águas se divertindo e o verde se iluminando.

Ela me cheira e me toca com toda delicadeza do mundo,
Ela falou por mim,
Sentiu meu calor, minha aflição e meu medo passando,
Movimenta a cabeça lentamente sobre meu ombro,
Traz o corpo para perto do meu,
Toda alegria e segurança se refazem.

O silêncio fica alto,
O infinito fica presente,
Os segundos ficam eternos,
Dos pensamentos que fogem,
À métrica dos nossos sentidos, uma eternidade.

Continuamos andando,
Guiados por nossos próprios passos,
Felizes e em silêncio,
Ao cheiro da terra molhada.